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quarta-feira, 15 de julho de 2009

Reclusas fazem desfile de moda com materiais reciclados


O lançamento em DVD do filme 'O Leitor' decorreu ontem em simultâneo nos 48 estabelecimentos prisionais do País. Na prisão feminina de Tires, 18 reclusas anteciparam o evento com um desfile de roupas à base de materiais reciclados.
Dois rostos bonitos, Maria João Cunha, 43 anos, e Sónia Mendes, 32, davam as boas-vindas aos jornalistas que ontem se deslocaram ao Estabelecimento Prisional de Tires para assistir ao lançamento em DVD do filme O Leitor . A estas duas reclusas juntaram-se depois outras 18, que desfilaram com um conjunto de vestidos feitos com materiais reciclados antes da sessão de cinema em sala apropriada.
A Zon Lusomundo, que lançou o DVD, chama a esta estratégia de marketing "lógica de responsabilidade social das empresas". A Direcção-Geral dos Serviços Prisionais (DGSP), que aceitou a parceria, agradeceu a ideia e, na realidade, viu-se ontem um outro lado do sistema prisional - um menos feio, ou um quase bonito.
"Isto não é o que se vê nos filmes americanos", garantiu-nos Maria João Cunha, elegantemente vestida, pondo ali em prática o curso de Organização de Eventos que acabou de frequentar no Estabelecimento Prisional. "Há aqui novas oportunidades", frisou.
A reclusa referia-se, mesmo, aos cursos intensivos do Instituto do Emprego e Formação Profissional que possibilitam em pouco tempo o acesso ao 9.º e ao 12.º anos. Referia-se também às novas aptidões que ali podem ser adquiridas através das várias áreas de formação profissional administradas.
No seu caso concreto, tal como Sónia Mendes, há muito que concluíram o 12.º ano. E não foi ali. Mas as suas vidas privadas, para o caso, não interessavam para nada. Maria João garantiu apenas que na fase seguinte da sua vida irá continuar na área da gestão.
Mas as outras 18 mulheres, em estilo prision-chique, mostraram o que aprenderam no curso sobre Ambiente e Reciclagem. A apresentação de moda, que começou no exterior e depois subiu ao palco, foi trabalhada ao pormenor: com música, luz e os passos. Uma roupa mais ousada suscitava sempre uns assobios, delas para elas, e palmas, muitas palmas, sobretudo, no desfile final com a noiva em destaque. E depois de um autêntica euforia de moda , seguiu-se o silêncio para o filme O Leitor. Pela primeira vez um DVD era lançado num estabelecimento prisional.
Mas "estão a decorrer exibições simultâneas em todos os 48 estabelecimentos prisionais do País", explicou Saul Rafael, da Zon Lusomundo, frisando que o projecto, em parceria com a DGSP, se intitula, precisamente, DVD - Dinamizar, Visualizar e Discutir.
"A ideia é que o filme suscite nos estabelecimentos a criação de grupos de debate em volta de temáticas que são abordadas nos argumentos", explicou depois o vice-director da DGSP, Paulo de Carvalho, para quem aquela parceria significa também um desafio à sociedade civil com vista a abrirem-se as portas das prisões.
A existência de grupos de debate é já uma realidade em Tires, esclareceu Maria João, garantindo que "são interessantes".

1ª sessão de cinema dentro de prisão vista por 120 reclusas

Mais de uma centena de reclusas do Estabelecimento Prisional de Tires, em Cascais, assistiram hoje à primeira sessão de cinema dentro de uma prisão, uma iniciativa inédita que prevê exibições em todos os estabelecimentos prisionais do país.
A iniciativa resulta de uma parceria entre a Direcção Geral de Estabelecimentos Prisionais e a ZON Lusomundo para assinalar o lançamento em DVD do filme "O Leitor".
"Esta é uma iniciativa para trazer o cinema para dentro dos Estabelecimentos Prisionais e estamos hoje a apresentar pela primeira vez um filme nestes moldes, num grande auditório com a participação de todas as reclusas que se quiseram inscrever e que são cerca de 120", adiantou à Lusa a directora do Estabelecimento Prisional de Tires (EPT), Clara Manso Preto.
Acrescentou ainda que estão previstas exibições em todos os estabelecimentos prisionais (EP) do país, 49 no total, sendo que nos restantes EP a exibição será feita em DVD.
Tal como acontece na maior parte das salas de cinema, também havia pipocas para quem quisesse, mas contra o habitual silêncio, mal as luzes se apagaram, o ambiente era de euforia.
"É uma maneira de estarmos mais actualizadas com o que se passa lá fora e se isto é uma estreia, melhor ainda", considerou Sónia Mendes, 32 anos, reclusa no EPT há um ano.
Também para Maria João Cunha, 43 anos, reclusa há três anos e meio, esta é uma oportunidade para esquecer a realidade prisional.
"Ajuda e transporta-nos um bocadinho, durante algumas horas, para as pessoas que lá estão fora, na sociedade e que são livres e dá-nos a ilusão de sermos livres também, por alguns momentos", disse à Lusa.
Presente na sessão, o subdirector-geral dos Serviços Prisionais vê nesta iniciativa uma acção de inclusão.
A experiência "fá-las sentir parte da sociedade", pelo que "pode ser um factor de inclusão", considerou Paulo de Carvalho.
Para além da projecção do filme "O Leitor", a tarde foi completada com um desfile de moda organizado por algumas reclusas, que apresentaram peças feitas de materiais reciclados.
Diário Digital / Lusa

Direcção

Direcção

Mensagem de boas-vindas

"...Quando um voluntário é essencialmente um visitador prisional, saiba ele que o seu papel, por muito pouco que a um olhar desprevenido possa parecer, é susceptível de produzir um efeito apaziguador de grande alcance..."

"... When one is essentially a volunteer prison visitor, he knows that his role, however little that may seem a look unprepared, is likely to produce a far-reaching effect pacificatory ..."

Dr. José de Sousa Mendes
Presidente da FIAR