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terça-feira, 2 de março de 2010

URUGUAI: Alarme na ONU com situação de prisões uruguaias



GENEBRA — A situação nas prisões uruguaias foi fortemente criticada num informe pelo relator especial da ONU sobre tortura, Manfred Nowak, depois de visita a Montevidéu realizada ano passado. O documento foi revelado nesta segunda-feira em Genebra.
"As condições nas prisões deterioram-se paulatinamente nos últimos anos e a aglomeração tornou-se em grave problema na maioria delas", diz o documento.
O texto será debatido semana que vem no Conselho de Direitos Humanos da ONU, que iniciou hoje as deliberações de sua primeira sessão anual.
"As condições de reclusão em duas das prisões visitadas eram espantosas", precisa Nowak, referindo-se, por exemplo, à penitenciária Libertad, um "símbolo infame" da ditadura, que "20 anos depois, com um governo democrático", apresenta "condições subumanas, em flagrante violação das normas internacionais".
Nowak relata que em Libertad "os internos se apresentam como animais enjaulados (...) só podem deixar as celas um máximo de quatro horas por semana (...) têm restringido o acesso à água, o que os obriga a beber do banheiro (...) e para satisfazer suas necessidades fisiológicas têm que utilizar garrafas ou bolsas de plástico".
O relator se preocupa, também, com "a falta de lugar para dormir nas celas e de serviços de saneamento apropriados (...) Numa delas encontrei 11 pessoas num espaço destinado a apenas três", citando, também, "o alto índice de violência entre os reclusos".
"Não havia separação alguma entre os internos que cumpriam prisão preventiva e os condenados, o que representa uma infração das normas internacionais", afirmou Nowak.
Nowak recomenda ao Uruguai "que impeça o uso excessivo da força por parte da polícia", além de acelerar os procedimentos judiciais e as garantias de comparecimento, sem demora, na justiça, dos que cometeram violações dos direitos humanos durante a ditadura.

fonte

PAQUISTAO:Prisão perpétua para cristão paquistanês

Um cristão da cidade de Karachi foi condenado a prisão perpétua em mais um caso de suposta blasfémia.
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
É apenas mais um cristão que se vê apanhado nas malhas de uma lei que já foi condenada a nível internacional. A lei de blasfémia abrange atentados ao Islão, a religião oficial do Estado, e é frequentemente usada como instrumento de vingança pessoal contra a minoria cristã. Pela natureza da acusação, que pode ser de declarações ou de actos contra objectos como o Alcorão, tudo depende das testemunhas. Normalmente, contudo, nestes casos há uma grande pressão social para se condenar o arguido. Qamar David estava detido desde 2006. Apesar da inexistência de provas concretas, noticia a agência AsiaNews, foi condenado no dia 25 a prisão perpétua por alegadamente enviar mensagens ofensivas do seu telemóvel.

rr.pt

MUNDO: !?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?


Pena de morte para homossexuais gera polêmica em países distintos


No dia 14 de fevereiro, 25 mil pessoas se uniram na cidade de Jinja, em Uganda, para manifestar apoio a uma nova lei anti-homossexual que tramita no Parlamento desde outubro de 2009. O código, proposto pelo parlamentar governista David Bahati, quer expandir a já existente lei. A anterior, em vigor no país desde 1949, prevê penas para homossexuais que vão desde multas até prisão perpétua. A ideia é que agora quem mantiver relações “agravadas” com pessoas do mesmo sexo sejam punidas com a morte. Na manifestação anti-homossexual a 75 km de Kampala, capital do país, integrantes do Movimento Internacional contra o Homossexualismo em Uganda carregavam cartazes com mensagens: "Não à sodomia, sim à família"."Infelizmente esse não é um problema somente de Uganda. Países como Irã, Arábia Saudita, Iêmen, Mauritânia e Sudão aplicam penas de morte para casos de homossexualidade", lembra o iraniano Arsham Parsi, diretor da ONG Estrada para Iranianos Gays Refugiados (IRQR, na sigla em inglês), com sede no Canadá.
Além desses cinco países, em algumas regiões da Somália e da Nigéria, a pena de morte também é aplicada para esses casos.OcidenteChiara Caprio, jornalista do site Afro OnLine, afirma que na África - que tem a maior incidência de leis anti-gays - a homossexualidade é vista como um conceito ocidental, e, portanto, deve ser politicamente combatida.Para o secretário da Associação Internacional de Gays e Lésbicas (ILGA), Roberto Sabbadini, no entanto, falar de homossexualidade como uma espécie de praga do ocidente é um mito. “Não passa de uma invenção religiosa e política para manter fiéis reunidos em um mesmo discurso”."A homossexualidade existe no continente africano, assim como no resto do mundo, muito antes da chegada do cristianismo, portanto não faz parte de uma influência do ocidente", acrescentou.ReligiãoMuito do que é combatido am países africanos, acredita Chiara, vem de influências externas: "grande parte [do preconceito] se deve a extremistas, como pastores protestantes americanos, que viajam pela África para combater a Aids e trazem consigo mensagens anti-homossexuais como se essa escolha fosse algo que necessitasse de cura".Em seu site, o pastor americano Martin Ssempa, um dos expoentes da luta contra a Aids na África, diz ser contra a homossexualidade e apoiar leis como a de Uganda: “A lei anti-homossexual de Uganda é importante pois ela estabelece a proteção da família tradicional”. "Com certeza a religião, principalmente o fundamentalismo, está ligada ao problema da discriminação gay", acredita o iraniano Arsham Parsi. "O judaísmo, o cristianismo, o islamismo sempre condenaram a homossexualidade".Pesos distintosAs leis envolvendo pena de morte para os gays são variáveis até mesmo dentro de um país. Na Mauritânia, o homem que mantiver relações sexuais com alguém do mesmo sexo é condenado à morte, enquanto uma mulher é obrigada a ficar reclusa por um período que vai de três meses a dois anos.Desde 1990, a lei no Sudão prevê pena de 100 chibatadas e cinco anos de prisão, se a pessoa não tiver antecedentes criminais. Mas na segunda vez, recebe açoites e outros cinco anos de reclusão. Na terceira, prisão perpétua ou pena de morte.Na Somália apenas o sul sob influência da sharia (lei islâmica) aplica pena de morte para casos de homossexualidade. O mesmo acontece com o norte da Nigéria.Já no Iêmen, homens casados são condenados à morte, enquanto os solteiros recebem chibatadas e ficam um ano na prisão. Mulheres não são condenadas à morte, porém a reclusão varia de três a sete anos.A pena no Irã é a morte desde 1991, quando a lei foi aprovada. O mesmo ocorre na Arábia Saudita.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Direitos Humanos: Abusos das forças de segurança e condições nas cadeias em Portugal na mira dos EUA

Lisboa, 25 Fev (Lusa) - Abusos da polícia portuguesa e dos guardas-prisionais, más condições nas cadeias, violência contra mulheres e crianças e o tráfico de mão-de-obra e de mulheres continuam a ser os principais problemas de Direitos Humanos que os EUA apontam a Portugal.
O relatório sobre Direitos Humanos do Departamento de Estado dos Estados Unidos da América (EUA), relativo a 2008, hoje divulgado, refere que o Governo português "geralmente respeita os direitos humanos dos cidadãos" mas adianta que "existem problemas em algumas áreas".
A "polícia e os guardas prisionais ocasionalmente batem e abusam dos detidos e as condições das prisões portuguesas continuam pobres", refere o documento.
Por outro lado, a violência contra mulheres e crianças e a discriminação de género continuam a ser um problema "assim como tráfico de pessoas para exploração laboral e sexual".
Segundo o documento há "relatos credíveis" sobre "uso desproporcionado de força pela Polícia bem como maus-tratos e outras formas de abuso contra detidos por parte de guardas prisionais".
No ano transacto, refere o documento, a Inspecção-Geral da Administração Interna investigou "denúncias de maus-tratos e de abusos cometidos pela Polícia portuguesa e pelos guardas prisionais".
Estas queixas envolviam "abusos físicos, ameaças com arma de fogo, utilização de força excessiva, detenção ilegal e abuso de poder".
A maioria das queixas foi dirigida contra agentes da Policia de Segurança Publica (PSP) e da Guarda Nacional Republicana (GNR), 118 e 76, respectivamente.
Apesar de "não existirem indícios de que o Estado português e as forças de segurança tenham cometido homicídios arbitrários ou ilegais", o relatório lembra o caso de um polícia que, "encontrando-se fora de serviço, disparou e matou um homem de 53 anos, em 25 de Abril de 2008".
Segundo o relatório a vítima ter-se-á aproximado do agente e da sua acompanhante numa praia deserta na região de Leiria: "O caso foi entregue a Policia Judiciaria, que se encontra a investigar o incidente há mais de um ano", lê-se no documento.
O relatório do Departamento de Estado dos EUA desconhece também que existam "casos de desaparecimentos por motivos políticos" em Portugal.
Quanto ás prisões, o Departamento de Estado nota que a "maioria dos diplomas do Governo adoptados em 2004 para reformar o sistema prisional não foi posta em prática".
Contudo, destaca que foram alcançadas algumas melhorias como, por exemplo, uma diminuição da sobrelotação das prisões e um reforço da formação do pessoal das prisões.
Segundo dados de um estudo sobre drogas nas prisões portuguesas, divulgado em 2007, e citado pelo relatório norte-americano, aproximadamente 10 por cento da população prisional estava infectada com o VIH e 15 por cento com hepatite C.
SK.
Lusa/Fim
25 de Fevereiro de 2009, 21:53

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Moçambique: Portugal formará guardas prisionais e estabelecerá sistema informatizado nas cadeias



Portugal vai formar guardas prisionais e estabelecer um sistema informatizado nas cadeias moçambicanas, visando constituir um instrumento de gestão e controlo dos reclusos, anunciou hoje à Agência Lusa o ministro português da Justiça, Alberto Costa.
Falando no final de uma visita ao centro de reclusão feminina de Ndlavela, arredores de Maputo, Alberto Costa assegurou que Portugal e Moçambique vão desenvolver novas formas de cooperação na área do domínio de penitenciárias, nomeadamente a geminação dos estabelecimentos prisionais.
"Vamos desenvolver, neste domínio (das prisões), um trabalho conjunto que vai passar por formação de guardas prisionais em Portugal, também pela cooperação com Moçambique no estabelecimento de um sistema informatizado nas prisões que possa constituir um instrumento de gestão e de controlo das pessoas que se encontram neste sistema", disse.
"Com isso prestamos homenagem a um trabalho que está a ser feito em vários estabelecimentos, no sentido de cumprir padrões de satisfação de direitos de reinserção social, nomeadamente através da formação de pessoas reclusas", acrescentou o titular da pasta da Justiça de Portugal.
O centro de reclusão feminina de Ndlavela tem 123 reclusas, sendo 78 condenadas e 45 detidas.
Deste número, algumas mães das 16 crianças de menos de cinco anos sob cuidados dos serviços sociais daquela penitenciária, quatro reclusas são estrangeiras: duas sul-africanas, uma brasileira e outra ruandesa.
Com vista à reabilitação e reinserção social das reclusas, o centro prisional de Ndlavela desenvolve uma série de actividades, que vai desde a área de ensino, formação técnico-profissional, produção de cultura (hortas) ao desporto.
A propósito, Alberto Costa adiantou que Portugal pretende "aperfeiçoar e alargar" as ofertas existentes no domínio de formação técnico-profissional.
"No domínio da oferta de formação das várias actividades que aqui são desenvolvidas, poderemos aperfeiçoar e alargar reciprocamente essas ofertas. Por exemplo, foram assinaladas várias hipóteses no domínio de tapetes que são cutilados em Portugal e que aqui podem ser enriquecidos", disse.
"No domínio da tecelagem, existem aspectos que podem ser retidos e desenvolvidos em Portugal, portanto, há soluções que podem ser inspiradoras para qualquer das partes e que se radicam nas tradições nacionais", sublinhou o ministro português.
Na área de ensino, o centro de reclusão de Ndlavela tem um programa de alfabetização e educação de 34 reclusas adultas e de ensino primário do segundo grau.
"A maior parte das reclusas não têm nível superior, então, temos grande parte que frequentam o ensino primário", disse à Lusa a directora nacional de serviço correccional e reintegração social, Cesaltina Moiane.
Segundo aquela responsável, no ano transacto, o centro de reclusão feminina de Ndlavela teve 87 por cento do aproveitamento escolar.
MMT
Lusa/Fim

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Newsletter do Centro Europeu de Voluntariado (CEV)

O Centro Europeu de Voluntariado (CEV), que o Conselho Nacional para a Promoção do Voluntariado integra,desde o ano de 2007,divulga a sua "newsletter"electrónica.

http://www.scribd.com/share/upload/8469285/fbd7pglhaelwmb9s8mg

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Howard Zehr fala sobre Justiça Restaurativa no Brasil



A Faculdade de Direito da USP recebeu, ontem, o professor Howard Zehr, referência mundial quando o assunto é justiça restaurativa. Em uma apresentação bem articulada e esclarecedora, ele comoveu a platéia. Hoje, o encontro é em Brasília. Depois, Zehr segue para Florianópolis e Porto Alegre. Confira, aqui, o conteúdo da palestra e as idéias desse especialista.


Durante pouco mais de uma hora, a platéia do auditório da Faculdade de Direito da USP assistiu atenta à palestra do professor norte-americano Howard Zehr - um dos pioneiros a falar sobre justiça restaurativa no mundo. Em seguida, muitos dos presentes pediram autógrafo e quiseram tirar fotos com ele. Talvez na tentativa de eternizar o clima de esperança e humanidade que Zehr transmite a quem escuta suas palavras.O professor contou que o conceito de justiça restaurativa é relativamente novo, começou a ser pensado há pouco mais de 30 anos, no Canadá, quando dois jovens bêbados destruíram 22 propriedades, entre casas e carros, em uma única rua.Na ocasião, o juiz responsável pelo caso questionou o que aconteceria se aqueles dois garotos fossem parar na cadeia: ninguém teria suas propriedades recuperadas, a sensação de insegurança permaneceria presente naquela rua e, provavelmente, os jovens não se dariam conta do que fizeram. Uma das sugestões, na época, foi de que os dois se encontrassem com as pessoas prejudicadas, assumissem a culpa diante delas e pedissem desculpas. Howard Zehr diz que, naquela época, não se sabia muito bem como fazer isso. De todo modo, o modelo tradicional de justiça começava a ser repensado.Hoje, o novo modelo é conhecido em quase todo o mundo. Na Nova Zelândia, um dos primeiros países a experimentar essa alternativa, o tribunal é considerado a última opção para quem comete um crime e, não, a primeira. Antes de tudo, é realizada uma conferência restaurativa - mesmo em casos de homicídio. O resultado, de acordo com Zehr, foi uma diminuição da carga do judiciário e da população carcerária.Para o professor, a justiça restaurativa é mais do que a implementação de um novo modelo justiça, trata-se de uma filosofia, uma cultura. Howard Zehr a compara a uma troca de lentes em uma câmera fotográfica: cada uma é capaz de captar a mesma imagem sob ângulos e perspectivas diferentes e produzir fotos completamente diferentes.NOVAS PERGUNTASUm dos pontos-chave da justiça restaurativa é criar oportunidades para que tanto a vítima quanto o infrator possam se recuperar. Na justiça retributiva - à qual estamos acostumados -, entende-se que o infrator cometeu um crime contra o Estado e as primeiras perguntas são: quem cometeu o crime? A que lei ele infringiu? Qual é a punição merecida?A justiça restaurativa começa propondo novas perguntas:- Quem sofreu o dano? - Quais são as necessidades dessa pessoa, nesse momento?- Quem vai supri-las e de que forma?É que o foco desse novo modelo está, acima de tudo, na vítima e em suas necessidades.A VÍTIMANormalmente, a vítima fica excluída do processo criminal e sequer é informada sobre as decisões do tribunal de justiça. E quando é convocada como testemunha, recebe um tratamento que leva muito pouco em conta o sofrimento em decorrência do crime, o que especialistas chamam de estresse pós-traumático.Com a justiça restaurativa, a vítima tem a oportunidade de se encontrar com o infrator e fazer todas as perguntas que quiser - evidentemente, sob mediação de uma pessoa treinada para isso e que conversa separadamente com as partes antes desse encontro. Várias das dúvidas da vítima, somente o ofensor saberá responder. Segundo Zehr, esse momento é muito importante para que ela consiga recuperar sua saúde mental."O que costuma acontecer é que a vítima imagina o infrator bem maior do que ele realmente é", diz o professor. Ela sonha com o que aconteceu, sente raiva, medo, desejo de vingança e tem necessidades de justiça.
"Quando a vítima é muito agressiva e sente muita necessidade de vingança, pode saber que sua necessidade de justiça não foi atendida" conta Zehr.Basicamente, a intenção da justiça restaurativa é proporcionar à vítima:SegurançaEla precisa saber que algo está sendo feito para que nem ela e nem outras pessoas passem por aquele trauma novamente.Respostas para suas perguntasNormalmente, as vítimas querem saber: Como você sabia que eu não estaria em casa naquele momento? E se eu estivesse em casa, o que teria acontecido? Por que você fez isso? Por que comigo?Quando o caso envolve a morte de um ente querido, elas também perguntam quais foram suas últimas palavras ou o que ele estava fazendo quando tudo aconteceu. Dizer o que estão sentindoA vítima sente uma necessidade de contar suas histórias e de fazer com que o infrator saiba o que estão passando por causa do crime. Essa é uma forma encontrada por elas de restaurar sua própria história e conseguir se recuperar.Recuperar a autoridade perdidaQuando se tem uma propriedade violada, a sensação é de que se perdeu as rédeas da própria vida. A vítima precisa sentir que ela recuperou o poder sobre suas coisas.Restituição por parte do infratorSeja por meio de indenização, da prestação de trabalhos comunitários e de um pedido autêntico de desculpas, é fundamental que o infrator se responsabilize pelo que fez e deixe claro para a vítima que a culpa não foi dela - já que muitas acreditam que são culpadas pelo que lhes aconteceu. Em alguns casos de atitudes racistas e violência doméstica, por exemplo, o contrato entre a vítima e o infrator consiste em uma mudança de comportamento por parte do segundo.As experiências restaurativas têm mostrado que quanto mais a vítima é envolvida e considerada no processo, mais ela sente que foi tratada com justiça. De acordo com Howard Zehr, a troca de presentes no Natal e o desejo de vingança são sentimentos que vêm da mesma necessidade: a de equilíbrio entre os dois lados, de um acerto de contas.Costuma-se envolver não só a pessoa atingida, como também sua família e a comunidade. Mesmo no caso de jovens de rua infratores, a presença de uma figura que lhe seja importante, pode contribuir muito para o sucesso do caso.No Canadá, há a experiência de círculos de paz, inspirada nos costumes indígenas locais. Essa é uma forma de toda a comunidade participar das decisões relativas ao crime de maneira organizada e democrática: cada um pode se manifestar quando estiver com o cachimbo na mão, que depois é passado a outra pessoa.O INFRATOROutro princípio forte da justiça restaurativa é a responsabilização do infrator e não sua punição. "Onde há dano, há obrigações. É preciso pensar maneiras de se consertar o que fez", defende o professor. A lógica do sistema tradicional de justiça é a negação: o Estado precisa provar que o réu é culpado. Ou seja, não importa o quão culpado ele seja, é preciso encontrar ferramentas para negar o que fez. E mesmo dentro da prisão, continua-se alegando inocência. Nesse caso, não existe responsabilização.Dentro da justiça restaurativa, a idéia é a de que o infrator tenha consciência do que fez, a quem feriu e quais foram as conseqüências dos seus atos. Há quem diga que a proposta é muito leve para os ofensores, mas Zehr garante que não. "É muito difícil encarar a vítima. Acompanhei membros de uma gangue nessa situação. Eles tremiam tanto que precisaram de um tempo para se recompor. Para eles, ir para a prisão era muito mais fácil".
SOB OUTRO ÂNGULOPor mais que o desejo seja de punir quem cometeu o crime a qualquer custo, é necessário se colocar no lugar desse ser humano - que é o infrator -, não para justificar seus atos, mas para atuar na raiz da questão.Howard Zehr afirma que a maioria dos ofensores já foram vítimas ou se sentem vítimas de alguma forma e vêem no crime uma resposta para isso. Quando o infrator é simplesmente punido, a idéia de vitimização é reforçada, com a imposição de um estigma de criminoso e, depois, de ex-presidiário. Estudos psiquiátricos demonstram que toda violência é um esforço para se fazer justiça ou para se desfazer uma injustiça. O professor defende que é preciso tirar a idéia de que quem cometeu um crime deve receber o que merece. Ele conta que o número de assassinatos nos EUA costuma crescer quando há muitas execuções de pena de morte. "A mensagem passada é de que está tudo certo em castigar quem fez mal a você".Com o tempo, os valores de respeito e vergonha ficam invertidos no "código das ruas". "Se o infrator experimenta que a justiça não é legítima, eles negam a vergonha que sentem e a transformam em respeito", explica Zehr. Para quem cometeu o crime, a condenação por uma entidade em que não acredita pode ser até motivo de orgulho perante outros infratores. Para o professor, a vergonha é uma emoção perigosa, que deve ser administrada e jamais imposta sobre os réus.Estudos sobre inteligência social afirmam que o cérebro humano, desde o nascimento, é programado para nos conectar com outras pessoas. Se essa conexão não é feita com os pais ou pessoas queridas, se há sofrimento de abuso ou negligência, as conexões neurais ficam distorcidas. O infrator, que provavelmente já foi desrespeitado inúmeras vezes na vida, é mais uma vez desrespeitado pelo sistema judiciário. O que a justiça restaurativa sugere é que haja respeito entre todos, porque respeito gera respeito. "Nada funciona melhor para reprogramar o cérebro do que a empatia. Quando o infrator entende a vítima - e vice-versa - estabelece-se uma relação entre seres humanos", diz Zehr. Isso não significa que a vítima tenha a obrigação de perdoar o infrator, ela pode perdoar ou não, mas, de todo modo, terá suas necessidades, inclusive de justiça, atendidas.E FUNCIONA?Estudos foram realizados sobre os efeitos da justiça restaurativa e mostram que, quando há políticas de mediação entre vítima e infrator, o numero de reincidência cai consideravelmente, sendo 1/3 menor do que o habitual entre os jovens.Entre os reincidentes, o grau do crime cometido posteriormente é menor. E quanto mais sério o crime, menor o grau de reincidência.O estresse das vítimas também diminuiu, com menor desejo de vingança e resultando em menos gastos com saúde pública. E vítimas e infratores apresentaram maior grau de satisfação."Mesmo que não haja efeitos sobre a diminuição do crime, só a ajuda à vítima já torna o sistema mais eficaz que o convencional", afirma o professor. Segundo ele, o novo sistema não é perfeito e há muita coisa que ainda não sabem.De todo modo, um dos maiores desafios da justiça restaurativa é pensar de maneira original. Constantemente chamado de utópico, Howard Zehr finalizou a palestra com um desejo: "Um dia, não será preciso chamá-la de justiça restaurativa, mas apenas de justiça".
Por Thays Prado - Edição: Mônica NunesPlaneta Sustentável - 08/04/2008

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Focus on Reform and Prisoner Rehabilitation in Mozambique

In October, the National Prison Service of Mozambique held a two-day, multi-stakeholder workshop exploring the issues of prison reform, prisoner rehabilitation and reintegration. The goals were to raise awareness and advocate for a new approach that would include both government and civil society organizations working in partnership. In the spirit of such partnership, PF Mozambique took on an organizing role with the workshop and drew upon contacts and resources of other PF national ministries.
The first session featured a presentation by Area Commissioner Walter Mashiya from Leewkop Correctional Centre in South Africa. He described the work done at Leewkop to develop a centre of excellence in prisoner rehabilitation and prison management. This included the process developed by the South African government and published in The White Paper on Corrections.In the second session, Valdeci Ferreira, Executive Director of PF Brazil, provided an overview of the APAC methodology. He discussed the success of the methodology in creating an environment conducive to prisoner transformation and lower recidivism. Valdeci reported that he answered questions for two hours and was subsequently invited by the National Commissioner of Prisons, Dr. João Zeferino Zandamela, to collaborate on the development of a strategy for prison reform in Mozambique. The workshop closed with the Commissioner outlining next steps and principles to be used in developing such a strategy.In a thank you letter, Dr. Zandamela said, “I must advance that the positive outcome of this seminar is truly a reflection of the relationship we have with PFI/PF Mozambique as our privileged partner.”
December 2008

domingo, 25 de janeiro de 2009

De frente para o criminoso- Brasil

Nos últimos três anos, um projeto piloto do Judiciário brasileiro tem dado à vítima a oportunidade de ser ouvida pelo criminoso. A experiência mostra que esse tipo de programa, conhecido como Justiça Restaurativa e já existente há duas décadas em outros países, ajuda a diminuir o ressentimento e a sensação de impotência de quem sofreu a violência. O encontro poder ser, também, uma maneira de impedir que o desejo de vingança provoque uma espiral de violência.
No Brasil, o projeto existe em três cidades: Porto Alegre (RS), Núcleo Bandeirante - cidade satélite do Distrito Federal - e São Caetano do Sul, na Grande São Paulo. Os diálogos entre vítimas e delinquentes têm um roteiro predefinido, garantido por um mediador, e só acontece se as duas partes toparem.
De frente para o agressor, a vítima conta como sua vida mudou a partir do crime e, por sua vez, ouve as razões do outro. Ambos devem repetir o depoimento que ouviram para comprovar que entenderam o recado. Embora relatos de perdão e reconciliação sejam frequentes, esses não são os objetivos principais do encontro. Em Porto Alegre, a reincidência dos infratores diminuiu 23%.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Obama poderá fechar Guantánamo no espaço de um ano

O Presidente norte-americano Barack Obama poderá fechar a prisão de Guantánamo, em Cuba, no espaço de um ano se assinar um decreto que ainda está em fase de rascunho e do qual a Reuters obteve hoje uma cópia.Obama prometeu durante a sua campanha eleitoral que iria fechar o campo prisional de Guantánamo, visto como uma “nódoa” no registo de atropelos aos direitos humanos nos Estados Unidos e como um símbolo dos abusos infligidos aos prisioneiros sob a Administração de George W. Bush.“As unidades de detenção para os indivíduos presos em Guantánamo abrangidos por esta medida deverão ser fechadas o mais depressa possível, e nunca demorar mais de um ano desde a data da ordem”, indica o documento provisório.De acordo com este documento, a Administração de Obama teria igualmente que proceder a uma série de revisões sobre o estatuto dos restantes prisioneiros.O rascunho prevê ainda a transferência de prisioneiros para estabelecimentos prisionais nos Estados Unidos.Quem estiver abrangido pela ordem e que ainda esteja em detenção quando a prisão for fechada “deverá ser repatriado, libertado, transferido para uma terceira prisão ou transferido para outro estabelecimento prisional dos Estados Unidos”, indica o mesmo documento.Não é expectável que Obama assine já hoje o documento, mas isso poderá acontecer já nos próximos dias.A ordem indica ainda que é do interesse da política externa norte-americana o fecho da polémica prisão.Julgamentos suspensosHoje cedo, o novo Presidente dos Estados Unidos tomou uma das suas primeiras medidas e pediu a suspensão dos processos judiciais por terrorismo na base naval norte-americana de Guantánamo, em Cuba, durante 120 dias.Durante a tarde, a ordem presidencial cumpriu-se: um juiz suspendeu por 120 dias os julgamentos em Guantánamo dos cinco homens acusados de envolvimento nos ataques terroristas de 11 de Setembro de 2001, a pedido do Presidente Barack Obama.Entre os cinco acusados conta-se um alegado “cérebro” dos atentados, Khalid Sheikh Mohammed, que se opôs à suspensão do julgamento, argumentando querer confessar o seu papel nos ataques.21.01.2009 - 19h41 Reuters

Direcção

Direcção

Mensagem de boas-vindas

"...Quando um voluntário é essencialmente um visitador prisional, saiba ele que o seu papel, por muito pouco que a um olhar desprevenido possa parecer, é susceptível de produzir um efeito apaziguador de grande alcance..."

"... When one is essentially a volunteer prison visitor, he knows that his role, however little that may seem a look unprepared, is likely to produce a far-reaching effect pacificatory ..."

Dr. José de Sousa Mendes
Presidente da FIAR