terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Jovens da ADFP foram “presos” por um dia na Cadeia de Leiria

Nove jovens residentes na Fundação ADFP, em Miranda do Corvo, passaram um dia no estabelecimento prisional de Leiria. Após a revista e retenção de bens, receberam o respectivo número de recluso e foram transportados num carro celular até às instalações. Não foi preciso julgamento, até porque todo o processo fez parte do projecto “Um dia na Prisão”, desenvolvido pela Direcção--Geral dos Serviços Prisionais, que pretende sensibilizar os jovens para o exercício de uma cidadania responsável e prevenir a criminalidade. Com início pela manhã, o grupo viveu e conviveu com a experiência de reclusão durante um dia, começando com uma incursão pelos serviços do estabelecimento, onde tomou nota do contexto processual de inserção do recluso na prisão. Seguiu-se o almoço no refeitório, juntamente com os reclusos, após o qual os jovens foram encaminhados primeiro para uma cela de habitação e posteriormente para uma cela disciplinar.O dia na prisão encerrou com o testemunho de dois reclusos e um momento de reflexão, a que se seguiu o preenchimento da Declaração de Futuro, um formulário que reflecte o impacto imediato da iniciativa, que os participantes classificaram como «dura» e intimidatória, embora defendam que «valeu a pena», garantindo não querer repetir a experiência.Trata-se da primeira vez que o Estabelecimento Prisional de Leiria acolhe este projecto no âmbito de uma instituição, uma vez que “Um dia na Prisão” é, habitualmente, solicitado pelas escolas. «A Fundação ADFP tem duas unidades de acolhimento para jovens e crianças e depara-se com o crescente número de utentes com problemas comportamentais, prática de delinquência e pequena criminalidade», explica o presidente da instituição, Jaime Ramos, contando que muitos dos utentes chegam ao acolhimento na pré-adolescência ou adolescentes, quando os seus referenciais de vida levaram à degradação e reforço de comportamentos, desenvolvendo distúrbios de personalidade e hábitos anti-sociais». Isto, atendendo a que grande parte dos casos verificados no acolhimento reportam-se a jovens provenientes de famílias disfuncionais, ou «simplesmente ausentes de suporte familiar».«Não são acolhimentos comuns, em que o reforço dos afectos é canalizado para a dinâmica da vida em grupo e para o estímulo à inserção em contexto escolar ou de trabalho», argumenta o dirigente, esclarecendo que as instituições, mais do que unidades de acolhimento, «são centros educativos, pois têm de criar estratégias, a par com a comunidade e outras entidades». Estratégias que, na perspectiva de Jaime Ramos são importantes «para aumentar e orientar as opções destes jovens, sendo que para tal estes precisam de ter conhecimento da realidade em que vivem e sentirem que o seu projecto de vida depende em muito das suas escolhas».
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Direcção

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Mensagem de boas-vindas

"...Quando um voluntário é essencialmente um visitador prisional, saiba ele que o seu papel, por muito pouco que a um olhar desprevenido possa parecer, é susceptível de produzir um efeito apaziguador de grande alcance..."

"... When one is essentially a volunteer prison visitor, he knows that his role, however little that may seem a look unprepared, is likely to produce a far-reaching effect pacificatory ..."

Dr. José de Sousa Mendes
Presidente da FIAR