Treze reclusos de Leiria terminaram a 'Formação para a Inclusão', um projecto da Associação Nacional de Jovens Empresários, que pretende dar uma oportunidade aos jovens de criar o seu próprio negócio
Criar uma empresa de organização de eventos para jovens em tempo de férias e sem uma ocupação. O projecto é de Edgar Veiga Monteiro, um jovem de 21 anos que cumpre pena na antiga prisão-escola de Leiria e que, daqui por dois anos, quando sair, pretende fazer vingar esta ideia de negócio.Longe vão os anos em que os mestres das oficinas da antiga prisão-escola (carpintaria, tipografia, tanoaria, serralharia, entre outros) ensinavam ofícios tradicionais aos jovens reclusos. Hoje, os tempos são outros, modernos e tecnologicamente mais evoluídos, que 'obrigaram' as entidades a desenvolver novas acções de formação, dotando os reclusos de aptidões que lhes permitam uma reinserção social com sucesso, através da criação do seu próprio negócio.É o caso da 'Formação para a Inclusão' que, pela primeira vez, está a ser desenvolvida na antiga prisão-escola pela Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE), no âmbito do projecto 'Empreender para a Empregabilidade'.Foram cinco meses de intensa formação que 13 reclusos, com idades compreendidas entre os 18 e os 23 anos, tiveram no Estabelecimento Prisional de Leiria, e que lhes permitiu desenvolver ideias tão simples como criar empresas de apoio e entretenimento a idosos, entrega ao domicílio de comida tradicional caseira, um serviço de táxi em moto, ou mesmo o recrutamento de futebolistas em África, a baixo custo, para jogarem nos campeonatos da Europa.João Matias, director regional da ANJE e também ele empresário, não tem dúvidas quanto ao sucesso do projecto junto da população reclusa, não apenas por se tratar de uma ocupação enquanto cumprem pena, mas pela inovação e criatividade que os jovens podem apresentar em cada ideia de negócio."É difícil vingar lá fora quando se foi recluso e o estigma é maior quando se trabalha para alguém, mas quando se cria o próprio negócio torna-se mais fácil, porque não se tem de explicar o passado, apenas o produto conta", disse João Matias ao Diário de Leiria na última sexta-feira, à margem da entrega dos diplomas da acção de formação.O director regional da ANJE acredita nas ideias de negócio que foram desenvolvidas pelos reclusos da antiga prisão-escola de Leiria, apostando mesmo no sucesso de algumas.A explicação é simples: "Os jovens são muito imaginativos. Eles têm competências excepcionais e é na criatividade que os queremos potenciar, dotando-os de ferramentas", referiu João Matias, que pretende transmitir aos reclusos a "confiança de que há uma oportunidade para apresentarem bons negócios"."Se o produto for bem apresentado, podem ter outra oportunidade de vida, mas eles têm de querer isso", frisou.A continuidade do projecto nas prisões portuguesas pode também passar por serem, elas próprias, "incubadoras" das ideias de negócio, adiantou João Matias.Satisfeito com o sucesso da iniciativa, João Pessoa, director do Estabelecimento Prisional de Leiria, considera que a acção de formação "surge numa altura em que se fala de desemprego e na necessidade de criar emprego"."De facto, esta formação, para além de ser inovadora, surge numa altura com preocupações pendentes. Acções como esta podem trilhar novos caminhos, mas também passa por uma mudança de atitude, porque a reinserção não existe se não houver uma real vontade do indivíduo", disse João Pessoa, que se mostra receptivo à sugestão da ANJE em tornar a prisão numa incubadora de negócios, alertando, contudo, para a necessidade de ser adaptada à realidade de cada população reclusa.A 'Formação para a Inclusão' começou em Outubro do ano passado. Consistiu em 415 horas de formação, composta por vários módulos, desde disciplinas sobre finanças a marketing e recursos humanos. Culminou, na passada sexta-feira, com a entrega dos diplomas aos reclusos 'empreendedores' e a apresentação dos projectos.No Estabelecimento Prisional de Leiria, antiga prisão-escola, existem 200 reclusos, com idades compreendidas entre os 16 e os 23 anos. As instalações têm capacidade para acolher 347 jovens.
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Mensagem de boas-vindas
"...Quando um voluntário é essencialmente um visitador prisional, saiba ele que o seu papel, por muito pouco que a um olhar desprevenido possa parecer, é susceptível de produzir um efeito apaziguador de grande alcance..."
"... When one is essentially a volunteer prison visitor, he knows that his role, however little that may seem a look unprepared, is likely to produce a far-reaching effect pacificatory ..."
Dr. José de Sousa Mendes
Presidente da FIAR
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