quinta-feira, 11 de março de 2010

PROMOVIDO NA ILHA TERCEIRA Curso de Empreendedorismo capacita reclusos

Todos os negócios começam com uma ideia. O Curso de Empreendedorismo, que está a decorrer no Estabelecimento Prisional de Angra do Heroísmo, surge com o propósito de dar a conhecer as teorias e ferramentas necessárias para os reclusos, depois de cumprida a pena, poderem vir a criar o seu próprio posto de trabalho.

O espírito empreendedor e empresarial, as noções gerais de funcionamento de uma empresa e o conhecimento de fundos de apoio ao empreendedorismo são algumas das temáticas inseridas no plano de actividades da primeira edição do Curso de Empreendedorismo que o Estabelecimento Prisional de Angra do Heroísmo (EPAH) está a acolher desde o passado dia 8 de Março.

A iniciativa reúne duas dezenas de reclusos e, segundo Fábio Vieira, promotor da acção, tem como objectivo, tal como o nome indica, educar esses indivíduos para o empreendedorismo.
“O que proponho é dar-lhes ferramentas para saberem criar o seu próprio negócio. Há uma série de áreas que nós vamos estudar, as quais são uma mais valia para quando terminarem o seu tempo de reclusão”, explica o jovem empresário em declarações à “a União”, sublinhando que o Curso “será uma excelente saída” para a população prisional.
“Já há uma proposta de plano de trabalho. Acima de tudo será o modo de subsistência [do recluso], refere.
A nível participação, o formador diz que os reclusos manifestam empenho e motivação por uma iniciativa que integra sessões teóricas e práticas, à semelhança das acções sobre Cidadania promovidas nos anos 2007 e 2009, considerando o tema em questão “novo e diferente”.
“Estão motivados. É um curso diferente e que vai apelar a uma vertente que, provavelmente, nunca tiveram conhecimentos antes”, frisa.
As actividades decorrem duas vezes por semana até ao dia 21 de Abril, data que, em princípio, será escolhida para assinalar a cerimónia de entrega de diplomas aos formandos.
No que concerne a resultados práticos, ou seja depois de o cumprimento de pena, o jovem empresário entende que a sociedade em geral tem “um papel fundamental”, tendo em conta a reinserção social dos reclusos e a importância da actividade do empreendedor.
“A sociedade tem um papel fundamental em criar condições para que essas pessoas se possam recuperar e “reciclar”. Das pessoas que mais podem ser uma mais valia para uma sociedade são os empreendedores porque criam riqueza e estão constantemente a produzir”, sustenta.
De acordo com Fábio Vieira, a ideia de promover esta acção surgiu por interesse em estabelecer contacto com um público que tem pouca visibilidade no sentido de haver troca de experiências de vida.
“Tenho a certeza que os formandos desse curso estão ali para aprender. Estou a conhecer uma realidade que, por norma, raramente conhecemos. É também uma oportunidade de trocar experiências com pessoas muito interessantes”, remata.
Adesão “significativa”
Já o director do EPAH, Alexandre Bettencourt, fala da importância de actividades do género do Curso de Empreendedorismo realizadas no seio da população prisional, sublinhando o trabalho de colaboração da comunidade.
“São um contributo para a promoção de um melhor relacionamento dos reclusos com a sociedade civil”, frisa em declarações ao nosso jornal.
Com efeito, revela, a adesão situa-se entre os 30 e 35 por cento num universo de 70 detidos na EPAH, um valor percentual considerado “muito significativo” no entender do responsável.
“É um número muito significativo tendo em conta a população prisional total”, frisa Alexandre Bettencourt referindo que a participação é livre em todos os cursos de formação desenvolvidos no âmbito do plano de actividades do EPAH.
“Divide-se em formação académica, conjunto de programas de acção de formação e seminários para a aquisição de competências sociais”, conclui.
Sobrelotação
Segundo dados oficiais avançados pelo EPAH, o registo actual da população reclusa é de 54 indivíduos condenados e 18 indivíduos preventivos (dois dos quais são do sexo feminino), sendo a lotação máxima de 39 reclusos.
Compreendem entre os 20 e 40 anos de idade e, a nível profissional, enquanto um grande número encontra-se sem profissão outro está ligado à construção civil, nomeadamente como serventes de pedreiro.
Considerando a idade dos reclusos, o nível de habilitações literárias é muito baixo, estando a maioria certificada com o 4º e 6º ano de escolaridade.
Sónia Bettencourt
http://www.auniao.com/noticias/ver.php?id=19243

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Direcção

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Mensagem de boas-vindas

"...Quando um voluntário é essencialmente um visitador prisional, saiba ele que o seu papel, por muito pouco que a um olhar desprevenido possa parecer, é susceptível de produzir um efeito apaziguador de grande alcance..."

"... When one is essentially a volunteer prison visitor, he knows that his role, however little that may seem a look unprepared, is likely to produce a far-reaching effect pacificatory ..."

Dr. José de Sousa Mendes
Presidente da FIAR