Aung San Suu Kyi, Prémio Nobel da Paz e líder da oposição birmanesa, foi proibida de participar nas eleições de ontem
A sua silhueta frágil simboliza a resistência à Junta Militar. Mas se a auréola permanece intacta na Birmânia e no estrangeiro, não é menos verdade que Aung San Suu Kyi é hoje uma figura marginalizada, de futuro político incerto.
A laureada com o Nobel da Paz é comparada com Mandela, que conquistou o poder após 27 anos nas prisões sul-africanas. Mas a resistência do regime birmanês e a dissolução do seu partido, a Liga Nacional para a Democracia, que boicotou a votação de ontem, parecem afastá-la do poder.
Há 20 anos a maioria teria apostado no potencial da filha do herói assassinado da independência, o general Aung San, que representa a resistência aos militares. Ao ponto de fazer esquecer os outros 2200 presos políticos e o impasse em que se encontram as minorias.
Na época a Liga humilhou o regime militar ao obter 392 dos 485 lugares do Parlamento. Mas os generais rejeitaram o resultado. Desde então, a "Dama de Rangum", como lhe chamam os birmaneses, esteve privada de liberdade.
Poderá dizer-se que falhou esta figura de carisma gandhiano que, em Setembro de 2007, vinha à porta de sua casa, enfrentando as forças de segurança, saudar os milhares de monges budistas que se manifestavam contra a repressão e o aumento do custo de vida?
"A democracia não tem raízes nas práticas diárias da actual Birmânia", diz Renaud Egreteau, da Universidade de Hong Kong. "Mas não se pode pôr de parte o seu peso político e ideológico nestas duas décadas."
Nascida a 19 de Junho de 1945, Suu Kyi estudou nas melhores escolas de Rangum antes de prosseguir os estudos na Índia - onde a mãe foi embaixadora em 1960 - e em Oxford. Assistente na Escola de Estudos Orientais, em Londres, conhece e casa em 1972 com o universitário britânico Michael Aris, de quem teve dois filhos, um rapaz e uma rapariga. Regressa à Birmânia em Abril de 1988 para acompanhar a mãe doente. Nunca mais voltou a sair do país.
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