quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Indonésia: Quase tudo é possível nas prisões do país em troca de dinheiro

Jacarta, 06 jan (Lusa) – Ser substituído por um prisioneiro falso, partir de férias ou adquirir um telemóvel topo de gama são realidades possíveis nas prisões indonésias mediante um simples pagamento, como comprova uma série de escândalos tornados recentemente públicos.
Considerada uma das instituições mais corruptas da Indonésia, as prisões voltaram a estar em destaque esta semana, na sequência da divulgação de mais uma polémica, conforme noticia hoje a AFP.
Em causa está a história, verídica, de uma empresária de 55 anos, Kasiem, que não querendo permanecer atrás das grades, pagou 10 milhões de rúpias (cerca de 850 euros) a uma viúva de 50 anos, oriunda de Karni, para a substituir na prisão.
A troca de lugares foi efetuada a 27 de setembro do ano passado, enquanto decorria a transferência da prisioneira entre o tribunal e a prisão, mas a farsa foi descoberta três dias depois, quando um vizinho de Kasiem a foi visitar ao estabelecimento prisional, tendo-se deparado com uma desconhecida. A denúncia, entretanto, desencadeou uma investigação interna, enquanto Kasiem regressou para a sua cela.
De acordo com o diretor da Fundação Indonésia de Ajuda Judiciária, Erna Ratnaningsih, esta não terá sido “provavelmente” a primeira vez que um inocente é pago para substituir o culpado, o que revela a "fraqueza do sistema prisional” daquele país, em que as prisões “funcionam como um estado dentro do Estado".
Perante este caso, um porta-voz da Administração Prisional, Chandra Lestiono, reconheceu a existência de "deficiências", embora justifique que estas são de natureza técnica.
"Os registos dos detidos são processadas manualmente. Precisaríamos de um computador para monitorizar todos os serviços”, declarou.
As associações da sociedade civil, por outro lado, alegam que nada irá mudar sem que se realize um combate efetivo contra a corrupção nas prisões, locais onde "tudo é negociável" entre os prisioneiros e guardas, como comprova o caso Gayus Tambunan, no qual um funcionário fiscal que deveria estar detido por tráfico de influências foi encontrado num torneio de ténis internacional, em Bali.
Na altura da segunda detenção, Tambunan justificou a sua saída da prisão com a necessidade de lutar "contra o stress" de prisão.
Também neste caso foi realizada uma investigação interna para apurar responsabilidades pelo sucedido, concluindo-se que nove polícias e guardas terão recebido, cada um, entre 700 a 7.000 dólares, como pagamento para “facilitarem” a saída do detido da prisão.
Meses antes, um outro escândalo ocupou sucessivas manchetes de jornais e revistas, quando foram publicadas fotografias da luxuosa cela de Artalyta Suryani, uma influente mulher de negócios. A cela, equipada com sofá, plasma e sala de karaoke, tornou a prisão num lugar confortável e luxuoso, onde a detida recebia os familiares que a visitavam.
Na altura, o Presidente indonésio, Susilo Bambang Yudhoyono, foi forçado a pronunciar-se sobre o escândalo, tendo expressado "profundo pesar" pelo sucedido e classificado o poder prisional de “máfia”.
AS.
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Mensagem de boas-vindas

"...Quando um voluntário é essencialmente um visitador prisional, saiba ele que o seu papel, por muito pouco que a um olhar desprevenido possa parecer, é susceptível de produzir um efeito apaziguador de grande alcance..."

"... When one is essentially a volunteer prison visitor, he knows that his role, however little that may seem a look unprepared, is likely to produce a far-reaching effect pacificatory ..."

Dr. José de Sousa Mendes
Presidente da FIAR