terça-feira, 12 de julho de 2011

Encontro discute retorno de ex-detentos ao mercado de trabalho



Aedson Oliveira tem 58 anos de idade e passou mais da metade de sua vida numa penitenciária. Por sorte, deixou o pavilhão 9 do extinto Carandiru um mês antes do massacre, ocorrido em outubro de 1993. “Todos os meus ex-colegas de cela morreram”, lembra. Em liberdade há dois anos, ele tenta uma recolocação profissional. Recentemente conseguiu passar em testes de duas grandes empresas da cidade. “Mas quando relato que sou egresso do sistema prisional, não contratam”, lembra.

A situação de Aedson, que possui três filhas e mantém sua família através de pequenos trabalhos, resume a realidade de homens e mulheres que, ao cumprirem suas penas, esbarram no preconceito social que elimina as chances de recomeço.

Encontro realizado na quinta-feira contou com a participação de 30 pessoas, entre representantes de associações, ONGs e egressos do sistema penitenciário, e abordou o problemas dos ex-presidiários.

“Reunimos relatos não apenas de egressos que lutam para recomeçar suas vidas, mas de outros grupos que sofrem as consequências do preconceito”, informa a assistente social Janice do Prado, responsável pela Central de Atenção ao Egresso e Família de Marília, órgão vinculado à Secretaria de Estado da Administração Penitenciária. A central atende atualmente 800 egressos e 200 famílias.

Ademar Aparecido de Jesus, 50, passou 26 anos no sistema prisional e hoje é ativista na luta pela ressocialização de egressos no limitado mercado de trabalho. “Conhecemos muitos egressos que querem realmente uma nova vida, uma oportunidade e esta ajuda será essencial”, diz.

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As experiências relatadas durante o encontro, foram mediadas pelo empresário e jornalista Marcelo Pelúcio. Participaram do debate o representante do Coletivo de Negros e Negras Samuel Augusto, ativista LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros) Edson Duarte, professor da Adevimari (Associação de Deficientes Visuais de Marília) Nelson Cauneto, representante do Caoim (Centro de Atendimento à Obesidade Infantil de Marília) Luciana Pfeiffer, assistente social Lúcia Helena Bibiano de Melo e arquiteto Roberto Melges, que destacou as dificuldades enfrentadas por pessoas disléxicas.

A maioria dos egressos do sistema prisional consegue empregos ou eventuais bicos na construção civil, conforme informa a assistente social Janice do Prado.

“São através de pequenos reparos ou reformas que eles encontram possibilidades de trabalho”, aponta. Esta alternativa de ocupação consistirá na próxima tentativa de emprego de Aedson Oliveira. “Nesta segunda-feira fui até uma reforma onde sei que estão precisando de ajudante de pedreiro”, detalha. Além de egressos, a central acompanha quem está cumprindo liberdade provisória ou prisão albergue.

Em ambos os casos, os sentenciados só têm permissão de permanecer fora de casa no período das 6h às 22 horas.

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Mensagem de boas-vindas

"...Quando um voluntário é essencialmente um visitador prisional, saiba ele que o seu papel, por muito pouco que a um olhar desprevenido possa parecer, é susceptível de produzir um efeito apaziguador de grande alcance..."

"... When one is essentially a volunteer prison visitor, he knows that his role, however little that may seem a look unprepared, is likely to produce a far-reaching effect pacificatory ..."

Dr. José de Sousa Mendes
Presidente da FIAR