domingo, 22 de novembro de 2009

Os voluntários que visitam os presos nas cadeias

Abdicam dos tempos livres para levar conforto e palavras amigas a reclusos desconhecidos.
As acções de voluntariado prisional crescem e diversificam-se, ultrapassando o tradicional apoio religioso. Este ano, os Seviços Prisionais querem aumentar os projectos em 25%.
É um tipo de voluntariado que não tem grande reconhecimento, nem os voluntários desejam tal. É desconhecido para a maior parte das pessoas porque se pratica atrás dos muros das prisões, longe dos olhares públicos. Mas os 3659 reclusos que em 2008 foram abrangidos por acções de voluntariado sabem bem da importância que elas têm.
O voluntariado prisional não envolve grandes quantias ou géneros. Assenta sobretudo na boa vontade e em pequenas coisas e gestos. Uma palavra amiga, um cigarro ou um café, um recado para a família, uma ajuda a pintar o bloco ou a arranjar o jardim é quanto basta para trazer um pouco de felicidade a quem se encontra a saldar contas com a sociedade. Há ainda voluntários que levam os reclusos a passear ou a ver as famílias que, de castigo, lhes viraram as costas.
Há alguns anos apenas as organizações religiosas marcavam presença no interior das cadeias, prestando apoio espiritual. Ainda hoje são responsáveis por mais de metade dos projectos (96 em 170) e dos voluntários registados (482 em 864). Não espanta, portanto, que também sejam elas que afectam o maior número de reclusos (1908 num universo de 3659 abrangidos pelo voluntariado).
Todavia, o panorama tem vindo a alterar-se. Actualmemte, além de muitos voluntários individuais, várias organizações e empresas da sociedade civil, cientes do conceito de responsabilidade social, têm-se dedicado ao voluntariado prisional.
Só neste ano e no ano passado, a Direcção-Geral dos Serviços Prisionais (DGSP) assinou protocolos no âmbito do voluntariado prisional com o Banco de Voluntariado da Câmara Municipal de Matosinhos, com 22 delegações concelhias da Cruz Vermelha Portuguesa que desenvolvem projectos em 21 estabelecimentos prisionais e, ainda, com a Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares contra a Fome para cinco estabelecimentos prisionais.
Sem protocolo, mas a desenvolver acções nesta área, está também a Fundação PT com o Projecto "Mão na Mão" (que inclui diversas outras grandes empresas) e a Zon Lusomundo com o Projecto DVD (Divulgar, Visionar, Discutir).
Segundo a DGSP, tanto os voluntários quanto as organizações e os projectos têm registado um aumento contínuo nos últimos anos, destacando-se o alargamento das áreas cobertas por estas iniciativas, na oferta de bens, no apoio jurídico ou na melhoria do espaço prisional.
Ciente do papel que o voluntariado pode desempenhar na reabilitação e reinserção social dos reclusos, a DGSP estabeleceu como objectivo para o corrente ano desenvolver o Programa de Voluntariado em Meio Prisional e aumentar em 25% o número de projectos existentes. Ao que tudo indica, a meta está à vista, pois ainda só com os primeiros nove meses contabilizados já se ultrapassaram os projectos de 2008: 196, contra os 170 do ano transacto.

00h33m
TIAGO RODRIGUES ALVES




jn.sapo.pt

Um comentário:

  1. Boa noite! Como me posso inscrever para fazer voluntariado em prisoes femininas e masculinas em portugal? Aguardo resposta, Obrigada pela atençao

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Direcção

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Mensagem de boas-vindas

"...Quando um voluntário é essencialmente um visitador prisional, saiba ele que o seu papel, por muito pouco que a um olhar desprevenido possa parecer, é susceptível de produzir um efeito apaziguador de grande alcance..."

"... When one is essentially a volunteer prison visitor, he knows that his role, however little that may seem a look unprepared, is likely to produce a far-reaching effect pacificatory ..."

Dr. José de Sousa Mendes
Presidente da FIAR