ENTREVISTA RADIOFÓNICA
Uma prisão sem guardas onde os detidos têm todas as chaves e onde é proibido ficar na cela é a ideia que está na base de 20 centros prisionais no Brasil, que já mereceram o aplauso das Nações Unidas pelos resultados que têm conseguido na recuperação de reclusos.
O presidente da Federação Brasileira de Assistência aos Condenados de Itaúnas (Febac), que reúne os 20 centros sem guardas prisionais, conta que o método é baseado em 12 elementos, desde a valorização do detido ao trabalho.
«É proibido ficar dentro da cela», sendo isso até considerado «uma falta grave», já que os reclusos devem estar nas oficinas ou a estudar, explicou Valdeci Ferreira, frisando que aqueles centros têm regras muito bem definidas.
Segundo aquele responsável, todos os reclusos dos centros dizem que «é mais fácil cumprir pena no sistema comum».
Valdeci Ferreira explicou que todos os condenados são aceites naqueles centros desde que cumpram as regras e frisou que ninguém é irrecuperável.
O presidente da Febac contou ainda o caso de um recluso, que chegou a um daqueles centros sem conseguir andar por ter sido agredido noutra prisão e que ali recebeu a ajuda de outros até para tomar banho.
Numa altura em que a associação “Foste Visitar-me” pretende apoiar uma experiência semelhante em Portugal, a TSF falou com Gervásio Poças, um homem de 80 anos que há 44 que faz voluntariado em prisões.
Aquele voluntário contou que a condições de vida dos presos em Portugal melhoraram muito desde 1965, mas frisou que o trabalho dos voluntários continua a ser o mesmo e passa, por exemplo, por conversar com os reclusos e dar recados a família, tentando «minimizar o sofrimento».
De todos os locais por onde passou a fazer voluntariado, Gervásio Poças lembra sobretudo uma ala especial da prisão de Santa Cruz do Bispo, composta na sua maioria por «doentes mentais», que já não são visitados pelos familiares ou que já não têm família.
Movido pela fé, aquele voluntário contou ainda que já fez milhares de quilómetros para ajudar reclusos e fez saber que há 40 anos passa a noite de Natal em prisões.
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